VIII Seminário Nacional do Centro de Memória – Unicamp

GT3 – MEMÓRIA, FORMAÇÃO DE PROFESSORES E EDUCAÇÃO DAS SENSIBILIDADES

Coordenação: Cláudia Prado Fortuna (Departamento de História Universidade Estadual de Londrina- UEL) e Guilherme do Val Toledo Prado (Departamento de Ensino e Práticas Culturais Universidade Estadual de Campinas -Unicamp)

Local: CEL: sala 02 – piso1

26/07 – terça-feira- (14:00 às 18:00)

A contribuição dos pressupostos da História Oral para uma pesquisa sobre formação inicial de professores

Giovana Azzi de Camargo (Prefeitura Municipal de Bragança Paulista – SME)

Nesta apresentação pretendemos problematizar a contribuição dos pressupostos da História Oral (HO) para a geração dos dados de uma pesquisa sobre a formação de professores, no contexto de uma experiência do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) em um curso de Pedagogia. A HO foi escolhida para orientar a elaboração das entrevistas com os estudantes bolsistas do referido programa e o diálogo com outras fontes documentais. O estudo buscou investigar como o contato do estudante de Pedagogia com o cotidiano da escola pode (ou não) colaborar para sua formação para atuar na docência. As entrevistas e os documentos analisados evidenciaram algumas implicações desta vivência na formação docente. Ao atentar-se para a subjetividade dos envolvidos, foi possível encontrar outras dimensões desse processo formativo.

 

A escrita autobiográfica na constituição do professor iniciante

Raul Sardinha Netto (Universidade Estadual Paulista – UNESP – Campus Rio Claro)

O presente texto apresenta resultados de minha pesquisa de mestrado, a qual problematiza a escrita autobiográfica na constituição do professor iniciante. Trago minha vivência no Curso Específico de Formação aos ingressantes nas classes docentes (2º sem. 2015/ 1º e 2º sem. 2016), oferecido a distância pela Escola de Formação e Aperfeiçoamento dos Professores “Paulo Renato Costa Souza”, como etapa obrigatória do estagio probatório docente da Secretaria de Estado da Educação de São Paulo. A prática docente no cotidiano, em contraponto as proposições do curso, levaram-me a escrever narrativas autobiográficas, como método de reflexão, planejamento e avaliação de minha prática. Diante desse contexto, a pesquisa objetiva compreender como a narrativa de si constitui um dispositivo de pesquisa-formação do professor, no desenvolvimento da identidade profissional docente. A metodologia de escrita biográfica tem como referencial Josso (1988, 2005) e Souza (2004), e as escritas analisadas estão registradas nos diários de classe oficiais, em anotações realizadas durante o curso, e um caderno de registros. Esses registros serão interpretados a partir dos indícios e da memória, tecendo relações entre a vivência no cotidiano escolar, as politicas e concepções formativas da rede estadual de ensino.

 

Ensino, discurso e memória: o sujeito educador na Educação de Jovens e Adultos na cidade de Pouso Alegre-MG

Marilda de Castro Laraia (UNIVAS)

O estudo apresentado tem como proposta entender o discurso do sujeito educador na Educação de Jovens e Adultos, na cidade de Pouso Alegre-MG, problematizando os sentidos que esta prática possui na vida desses sujeitos e como interpelam na formação dos alunos no processo de ensino-aprendizagem. Para realizar o objetivo proposto neste estudo, metodologicamente estamos analisando entrevistas orais com educadores, documentos oficias e material pedagógico. A análise do discurso é um dos métodos de pesquisa, no qual, oportuniza perceber um conjunto de narrativas diferenciadas em torno de nosso objeto de estudo que permitem perceber as diferentes frases embutidas no discurso dominante na sociedade em que esses sujeitos estão inseridos. Para tal análise, devemos pensar na relação do sujeito professor, com o material didático, o qual ele tem acesso e que se faz único material disponível gratuitamente para esses sujeitos alunos. Além disso buscamos compreender como eles professores e alunos se interagem, como o aluno vê o conteúdo existente nos livros por eles usados e qual o olhar do professor sobre esse material disponível ao aluno, qual o sentido que o livro didático faz para esses sujeitos alunos capaz de fazer sua história, seu dizer.

 

Jornais Diário Popular e Correio Paulistano: espaço de atuação do professorado público paulista no final do século XIX

Lidiany Cristina de Oliveira (Universidade do Estado de Minas Gerais)

Logo após a Proclamação da República no Brasil (1889), o professorado paulista, representado pelo Grêmio de professores da Escola Normal, colocava em pauta a necessidade de uma ampla reforma da instrução pública, fruto de discussões que vinham ocorrendo desde a última quadra do Império. Nesse contexto, obtiveram um amplo espaço nos jornais Diário Popular e Correio Paulistano. Este texto tem como objetivo uma análise destas fontes documentais para compreender as propostas dos professores para a reforma do ensino, bem como os conflitos, disputas com outros grupos e suas visões de mundo e de educação, num momento em que compreendiam seu papel como fundamental para a consolidação do novo regime político.

 

Memória e formação docente: a construção e desconstrução do saber e fazer docente

Sandro José Ferreira dos Passos (UNIVERSIDADE DO VALE DO SAPUCAI)

No universo contemporâneo, as solicitações para o Ensino Superior têm sido orquestradas pelo Estado, agências de fomento e pelo próprio mercado. Tendo-se como pano de fundo esse quadro de inter-relações, a IES torna-se o espaço em que se dá a mobilização de diversos saberes e a interlocução entre diferentes sujeitos. Para os professores, o desafio que se coloca é contribuir com um ensino de qualidade, atendendo à diversidade presente nos cursos e salas de aula, ao mesmo tempo que precisa responder às solicitações curriculares e institucionais. O estudo foi desenvolvido segundo a abordagem quali-quantitativa de pesquisa – Minayo e Sanches (1993), que na primeira atua em níveis de realidade e a segunda trabalha com valores, crenças, representações, hábitos, atitudes e opiniões. Constatou-se que os professores pesquisados buscam continuamente a ressignificação das práticas de ensinar visando atender à demanda discente e institucional. Foram também levantados, aspectos considerados significativos para as mudanças que se fazem necessárias ao seu trabalho, a própria formação inicial e continuada. Outro aspecto refere-se à relação com os alunos e demais profissionais, sendo que para alguns dos docentes é tida como constitutiva do seu trabalho e propiciadora de reflexões.

 

Memórias e formação de professores

Cyntia Simioni França (Governo do Estado do Paraná)

Nara Rúbia de Carvalho Cunha (Faculdade de Educação da Unicamp)

O presente texto apresenta duas pesquisas em nível de doutoramento que se desdobraram em pesquisas-ação (ELLIOT; GERALDI; FIORENTINI E PEREIRA, 1998) de formação docente, compostas por professores de Educação Básica de escolas públicas de Londrina-PR e Ouro Preto-MG, nas quais foi tematizada a relação entre produção de conhecimentos histórico-educacionais, tendo em vista a formação docente, e experiências vividas, trazendo literatura e cidade como meios de reflexão. O referencial teórico-metodológico pautou-se no filósofo Walter Benjamin, no historiador Edward Palmer Thompson e Peter Gay, bem como a análise dos dados foram desenvolvidos no interior dos grupos GEPEC – Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Continuada e Kairós: educação das sensibilidades, história e memórias, sediados respectivamente na Faculdade de Educação e no Centro de Memória, ambos da Universidade Estadual de Campinas, em Campinas-SP. Articulando pesquisa narrativa e rememora- ções coletivas, os dois projetos trazem para o debate a temática formação de professores, a partir de uma visão ampliada de docente, tomando-o em suas dimensões racionais e sensíveis e com singularidades atravessadas por experiências tecidas coletivamente.

 

Narrativas de professoras no coletivo: a experiência e o educativo para o Ensino de História

Magda Madalena Tuma (Departamento de Educação – Universidade Estadual de Londrina)

Os sentidos constituídos sobre a História e o Ensino de História em sua relação com os artefatos tecnológicos, é o objetivo de projeto que dialoga com professoras e alunos do Ensino Fundamental – Anos Iniciais. Apresentamos parte da análise de narrativas de 15 professoras de três escolas públicas da rede municipal de Londrina, elaboradas no coletivo e com base na metodologia de Delory-Momberger (2008), que ao propiciar reflexões sobre si permeadas pelo presente, passado e o futuro evocado também pelo ‘outro’, contribui para a pesquisa qualitativa no que se refere a procedimentos. Duas reuniões do grande grupo e três com cada uma das cinco tríades aconteceram norteadas por temas relacionados à História aprendida e ensinada. As professoras em suas narrativas indicaram o passado como fonte de lições dissociadas do presente e do futuro e a memória como fonte histórica em dimensão crítica, assim como a necessidade de reelaboração do projeto de formação teórica para ampliação dos limites da interpretação e redimensionamento da orientação do agir. São referenciais teóricos Rüsen (2012); Habermas (2012); Kocka (2002); Kosseleck (2001); Pollack (1992); Abud (2014) dentre outros.

 

Uma trajetória de produção em conjunto: buscando os rastros da constituição da noção de Educação Política das Sensibilidades

Márcia Regina Poli Bichara (FE- Unicamp)

Como parte de meu doutoramento, venho me debruçando sobre as orientações que a Professora Doutora Maria Carolina Bovério Galzerani (in memoriam) realizou junto às alunas do curso de Pedagogia da Faculdade de Educação da Unicamp, entre os anos de 1998 e 2013. A leitura destes trabalhos possibilitou acompanhar como, ao longo destes anos, a ideia de Educação Política das Sensibilidades foi sendo construída pela professora Carolina. Surgindo inicialmente dos estudos sobre a História Nova, em oposição ao historicismo, a orientadora, junto às suas alunas, buscava uma compreensão de sociedade que trouxesse uma visão mais ampla de cultura e não apenas explicações a partir do viés econômico. Com o avanço de suas reflexões, sempre partilhadas entre os orientandos dos vários níveis, passou a questionar o que chamava de “educação que visa à constituição de sujeitos economicamente ativos e politicamente dóceis”, própria do aprofundamento da sociedade capitalista. Porém, ao mesmo tempo, visualizava, estimulava e praticava uma educação capaz de libertar, de estimular nos sujeitos a autonomia na produção de conhecimentos.

 

Local: CEL: sala 02 – piso1

27/07 – quarta-feira – (14:00 às 18:00)

Deixar-se afetar pelas memórias daqueles que vivem o lugar? diálogos “travados” na licenciatura em história da UFOP

Virgínia Albuquerque de Castro Buarque (Universidade Federal de Ouro Preto)

Esta comunicação visa refletir sobre desafios e potencialidades na promoção de um saber histórico em interface com as memórias sociais, elencando como fonte investigativa as experiências teórico-pedagógicas promovidas por licenciandos e pela professora do Estágio Supervisionado do Curso de História da UFOP durante o primeiro semestre de 2106. Tal proposta disciplinar pauta-se no esforço de reconfiguração do saber histórico produzido tanto por licenciandos como por professores e estudantes do ensino básico acerca de distritos da cidade de Ouro Preto e do centro urbano de Mariana, a partir das interlocuções mantidas com memórias dos sujeitos que vivenciam tais espacialidades no seu cotidiano. Sugere-se como hipótese que essa releitura mostra-se extremamente incitadora de uma ressignificação histórica não apenas dos espaços vividos, mas sobretudo das intersubjetividades daqueles que a promovem; simultaneamente, contudo, ela traz importantes questionamentos sobre as limitações acadêmicas que obstaculizam a legitimação de tal saber (e das mudanças por ele viabilizadas), sugerindo-se também alternativas para a superação desses entraves. Em termos teóricos, esta interpretação fundamenta-se nas contribuições de Michel de Certeau, Jacy Alves de Freitas e Maria Carolina Galzerani.

 

Diálogos de leituras: lendo as histórias dos e nos livros para crianças pequenas

Thais Otani Cipolini Zerbinatti (Unicamp)

Essa apresentação é um diálogo entre minha dissertação “Tramas Tramadas de um tapete: fios históricos nas produções literárias de Ruth Rocha” e a pesquisa de doutorado, cujo título provisório é: “Literatura para crianças na escola: sensibilização para leitura e educação política dos sentidos”. Tal diálogo entrelaça as ideias do filósofo Walter Benjamin, dos historiadores Edward Palmer Thompson e Peter Gay para análise de livros para crianças, tomados como documentos históricos: portadores de significados e registros de mentalidades e sensibilidades de seus autores e de suas épocas. Em uma leitura a contrapelo dos livros para crianças chamados de “pop up”, busco perceber a visão de mundo de autores e editores, sua percepção sobre a criança pequena e o livro para crianças (é livro, é brinquedo, ou é livro-brinquedo?), bem como os rastros da sociedade que são apresentados nesses documentos. Busco, ainda, relacionar tais teorias de produção de conhecimento histórico e de educação das sensibilidades com as práticas de leituras observadas na escola, como esses livros são apresentados às crianças pelos adultos e como as crianças deles se apropriam e os manuseiam.

 

História, memória e educação museal na formação inicial de professores para os anos inicias

Regina Celi Frechiani Bitte (Universidade Federal do Espírito Santo)

Este trabalho é referente à pesquisa de doutorado desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Educação do Centro de Educação da Universidade Federal do Espírito Santo. Nosso objetivo foi o de investigar como o professor formado no curso de Pedagogia mobiliza em sua prática, saberes referente à disciplina História, em relação à educação museal. Nesse sentido, analisamos a Resolução CNE/CP nº 01, de 15 de maio de 2006, o Parecer CNE/CP nº 03, de 21 de fevereiro de 2006, os PPPs dos Cursos de Pedagogia das IESs da Região da Grande Vitória e os PCNs de História para os anos iniciais do ensino fundamental; ouvimos os professores sobre suas experiências profissionais e museal, observamos à visita de 10 professores a Escola de Ciências Biologia História e prática de duas professora após à visita com o objetivo de identificar os saberes mobilizados. Para tanto, desenvolvemos um diálogo fundamentado conceitualmente com Chartier (2009), Tardif (2000), Monteiro (2001), Gauthier (1998), Pollack (1992), Ramos (2004), Chagas (2006) e Pereira (2011). Os dados analisados atribuem relevância e pertinência de incluir mais profundamente as temáticas da educação museal na formação dos professores para os anos iniciais.

 

Informafricativos: diálogos sobre uma prática de ensinoaprendizagem em africanidades

Wilson Queiroz (Secretaria Municipal de Educação)

Trata este trabalho de uma continuidade dos estudos sobre História e Cultura Africana e Afro Brasileira, que foi sistematizado, em parte, na dissertação de mestrado: De docência e militância a formação de educadores étnicos num programa da Secretaria Municipal de Educação de Campinas – 2003 a 2007, sob orientação da Profª Corinta Maria Grisolia Geraldi, defendida no GEPEC – Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Continuada, no ano de 2012. Neste processo amplio as narrativas de uma trajetória de estudo, pesquisa, elaboração e sistematização de modos de fazer sobre africanidades, no cotidiano escolar, em diálogos com materiais diversos e autores, com destaque para estudos sobre História africana, militância e Movimento Negro, relações raciais, currículo, pedagogia, formação de professores e práticas de ensino, numa perspectiva de constituir possibilidades para o enfrentamento ao preconceito, ao racismo, bem como a percepção da importância do ensino de História e Cultura Africana e Afro Brasileiras e suas contribuições para a valorização e respeito à vida.

 

Lugares de guardar: pensando o conceito e o sentido da transmissão cultural na escola e no museu

Rita Márcia Magalhães Furtado (Universidade Federal de Goiás)

O propósito desse trabalho, fruto de uma pesquisa teórica, é o de analisar o conceito de transmissão cultural, a partir dos seguintes questionamentos: qual a função da escola e do museu na formação cultural do contexto atual? Há uma influência recíproca dos dispositivos pedagógicos utilizados em ambos os espaços no sentido de favorecer o processo de transmissão? Apesar de serem espaços bastante distintos, escolas e museus são, ambos, dedicados à transmissão de saberes e têm, sob o ponto de vista social, a função de guardar saberes e fazeres historicamente produzidos em áreas bastante distintas. No entanto, as escolas transformam as práticas pedagógicas e culturais e com estas os processos de transmissão que ocorrem também nos museus. Como campo dialético de permanência e mudança, a transmissão não supõe a reprodução de um conteúdo em seu valor idêntico, pelo contrário, oferece os saberes instituídos para que as pessoas o reelaborem, inventando novos caminhos para a humanidade. Assim, escolas e museus transmitem porque garantem o acesso à palavra, ao gesto e ao objeto e os vinculam a ideias e teorias, vivificando saberes que a cada geração instituem novos significados a esses lugares de guardar saberes.

 

Local: CEL: sala 02 – piso1

28/07 – quinta-feira – (14:00 às 18:00)

Educação Política da Memória e das Sensibilidades

Cláudia Prado Fortuna (Universidade Estadual de Londrina)

As maneiras como vemos, escutamos e sentimos estão inseridas em um processo histórico de constituição de comportamentos, valores e visões de mundo. Na nossa realidade altamente conectada, vivemos cercados por uma multiplicidade de sons, de imagens e de estímulos. Neste contexto, nosso olhar é de sobrevoo, nosso escutar é distraído e nosso falar é o da tagarelice. Há práticas que promovem o embotamento das sensibilidades, inclusive na escola, principalmente a partir de 1990, quando ganham status as palavras eficiência, produtividade, excelência, definidas por si sós, indiferentes as pessoas e valores éticos. Frente a estas questões, consideramos a importância de se pensar as prá- ticas escolares sob a forma de experiências estéticas pelas quais a memória possa ser reinterpretada a partir do tempo presente. Acreditamos que a memória não se enquadra nos pressupostos teóricos e metodológicos de nenhuma disciplina em particular, mas, ao expressar um mundo possível, se vincula com especial força ao campo teórico da arte contemporânea. Assim, os procedimentos de abordagem das fotografias, das imagens, do simbólico, entre outros, oferecidos pela dimensão estética podem nos ajudar a pensar o ensino da história não apenas como disciplina, mas como percepção racional e sensível sobre o mundo.

 

Museus de São Paulo e a formação de futuros professores

Aglay S. F. Martins (UNICAMP/FE)

Essa pesquisa realizou uma análise longitudinal sobre a percepção educativocultural de estudantes do curso de Pedagogia no que tange ao contato com espaços museais de arte, ciências e histórico-cultural. Os espaços museais visitados, com ênfase em suas respectivas exposições foram: Museu da Língua Portuguesa (2014), Museu Catavento (2014), Pinacoteca do Estado de São Paulo (2015) e Memorial da Resistência (2015), todos eles situados na cidade de São Paulo. O objetivo das visitas a esses museus e espaços museais foi observar a percepção inicial desses estudantes e futuros educadores e, posteriormente, na última visita, realizar uma ação direcionada para a construção de um olhar sensível, utilizando, dessa maneira, a abordagem metodológica da pesquisa-ação sob as perspectivas teóricas da educação não formal e da educação patrimonial. Tais perspectivas ajudaram a organizar o papel dos atores envolvidos nessa pesquisa, bem como a atuação privilegiada e ativa dos mesmos em seus respectivos processos educativos. Percebeu-se um acentuado caráter emancipatório, proveniente das participações nas visitas decorrentes da ação educativa e museal.

 

Documentos sobre escola em arquivos não escolares

Márcia Guedes Soares (Faculdade de Educação)

Entendendo documento escolar como algo que vai além do acervo da escola, o artigo apresenta resultados parciais de pesquisa sobre educação em instituições não escolares, como o Serviço Sanitário de São Paulo. Implantado em 1891, somente a partir de 1911 esse serviço criou o serviço de inspeção médico sanitária das escolas, que tinha por atribuição exercer a inspeção médica dos alunos, docentes e empregados das escolas. Algumas das atribuições dessa inspetoria eram feitas em parceria com a Diretoria de Instrução Pública, como a escolha do mobiliário escolar, dos métodos e processos de ensino, das posições e atitudes escolares, bem como a distribuição das matérias de estudos, das horas de aulas em classe, dos recreios e dos exercícios físicos. Em 1916, a inspeção médico-escolar passou a ser responsabilidade da Diretoria de Instrução Pública, voltando a ser incorporada ao Serviço Sanitário apenas na reforma de 1931, quando foi criada a Inspetoria de Higiene Escolar e Educação Sanitária. A partir da memória da educadora sanitária Maria Antonietta de Castro, serão analisadas as políticas de educação desenvolvidas na Inspetoria de Higiene Escolar e Educação Sanitária.

 

Olhar caleidoscópio a experiência do cinema como prática pedagógica

Kelcilene Gisela Persegueiro (Unesp /Rio Claro)

Karoline Gessiane Persegueiro (Unesp /Rio Claro)

José Euzébio de Oliveira Souza Aragão (Unesp /Rio Claro)

O presente trabalho consiste em uma pesquisa de campo de mestrado, que irá promover oficinas de cinema (em desenhos) infantis inspirado no Sítio do Pica Pau Amarelo, de Monteiro Lobato, com objetivo de candear diálogos e a produção do conhecimento em uma classe de alfabetização com crianças de 6 a 7 anos. Os vídeos infantis transmitem uma moral, são representados com sonhos, fantasias, desejos, valores, pensamentos, sensações, medos, entre outros. Os personagens dos desenhos fazem parte do sítio do Pica Pau Amarelo. Promover o diálogo é o que dá corpo/materialidade para o objeto de estudo. Esta pesquisa será realizada em uma Escola Municipal de Piracicaba-SP. A metodologia usada é pesquisa-ação ou interventiva, sendo desenvolvidas sessões de curta metragem (oficinas) com alunos do ciclo I. A partir das impressões adquiridas após assistirem o curta, será aberta a roda de conversa, de forma livre, sem necessidade de roteiro, possibilitando a abertura ao diálogo e reflexão. Desta forma a pesquisa irá discutir, refletir e investigar os caminhos e as possibilidades para a “produção de conhecimento” por meio do cinema aliado a literatura como pensamento, educação, como experiência, prática pedagógica, emoção que nascem como ato criativo.

 

Ementa do GT:

A proposta deste GT é possibilitar um espaço de reflexão e debate para as pesquisas e discussões comprometidas com a Educação das Sensibilidades nos processos de formação docente, nas práticas de memória e na construção de novos saberes escolares. Pretende a troca de experiências entre os pesquisadores que, nas suas relações com a produção de uma Educação das Sensibilidades, possibilitem novos caminhos teórico-metodológicos em diversas modalidades formais e não formais de um ensino capaz de promover uma cidadania socialmente referenciada e eticamente constituída. Educação das Sensibilidades articulada aos movimentos sócio-culturais de restauração das nossas referências individuais e coletivas de pertença e de resistência às práticas hodiernas produtoras de esquecimentos, desenraizamentos e escassez de memórias e de experiências. Educação das Sensibilidades, não com uma só orientação cognitivamente informada, mas pautada nas vivências e experiências dos sujeitos narradores de suas próprias vivências e experiências, compartilhadas numa “agorabilidade” que possibilita troca de saberes e conhecimentos, pode ser uma das muitas saídas a despertar os sujeitos para novas aporias existenciais.

Bibliografia:

ALVES, Nilda. Cultura e Cotidiano Escolar. In: Revista Brasileira de Educação. Rio de Janeiro, Maio/Jun/Ago, nº23, 2003, págs 62-74.
GALZERANI, Maria Carolina Bovério. O lugar das memórias na produção dos saberes escolares. In: BEZERRA, Holien; DE LUCCA, Tânia. O historiador e o seu tempo. Assis: Edunesp, 2007, p. 223-235.
HUYSSEN, Andreas. Culturas do passado-presente. Modernismos, artes visuais, políticas da memória. Rio de Janeiro: Contraponto/Museu de Arte do Rio, 2014.
MAGALHÃES, Marcelo et al. Ensino de História. Usos do passado, memória e mídia. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2014.
NÓVOA, Antonio. Professores: imagens do futuro presente. Lisboa: Educa, 2009.
SEIXAS, Jacy Alves de. Percursos de memórias em terras de história: problemáticas atuais. In: BRESCIANI, Stella & NAXARA, Márcia (orgs.). Memória/(res)sentimento: indagações sobre uma questão sensível, Campinas, Editora da Unicamp, 2001.