VIII Seminário Nacional do Centro de Memória – Unicamp

GT1 – MEMÓRIA E ARQUIVOS

Coordenação: Sonia Troitiño (UNESP-Marília) e Elisabeth Azevedo (ECA-USP)

GT1a – Sessão 1
Local: sala CEL7 – piso 1

GT1b – Sessão 2
Local: sala CEL11 – piso 1
26/07 – terça-feira – (14:00 às 18:00)

Coord: Dra. Sonia Troitiño

 

A coleção audiovisual da Faculdade de Ciências e Letras de Assis (UNESP-FCL): memória, acesso e direitos autorais

Renato Crivelli Duarte
(UNESP)
O presente trabalho propõe apresentar o projeto de digitalização e promoção do acesso à Coleção audiovisual da Faculdade de Ciências e Letras de Assis (FCL), da UNESP, desenvolvido pelo Centro de Documentação e Apoio à Pesquisa (CEDAP). Esta coleção é composta por um conjunto de quase 1000 fitas VHS onde se encontram registrados grande parte dos eventos acadêmico-científicos promovidos pelos departamentos de ensino da FCL entre as décadas de 1980 e 2000, incluindo palestras e conferências de renomados intelectuais brasileiros e estrangeiros. O objetivo final do projeto consiste na disponibilização parcial das gravações para acesso via internet. Este objetivo tem por base a ideia de devolução dos trabalhos desenvolvidos pela Universidade Pública à sociedade. Uma questão de responsabilidade, prevista nos estatutos das universidades. No entanto, este objetivo se vê impedido por questões que permeiam a disponibilização de obras autorais. Vemo-nos diante de uma barreira no trabalho de centros de documentação e informação e no atendimento a uma das responsabilidades da Universidade Pública. Questões práticas não pensadas no momento da produção das gravações, como licenças e cessões de direitos, implicam em tais impedimentos
décadas depois.

 

O diagnóstico do acervo do Centro de Memória-Unicamp (CMU):primeiros passos para uma política de gestão integrada

Ana Cláudia Cermaria Berto
(Centro de Memória-Unicamp)
Cássia Denise Gonçalves
(Centro de Memória-Unicamp)

O trabalho expõe a metodologia e os resultados do diagnóstico realizado junto ao acervo do CMU, em 2015, em decorrência da reestruturação pela qual passou o órgão no mesmo período. Em seus 30 anos, o CMU reuniu significativo acervo, sobretudo de Campinas e região, formado por arquivos e coleções institucionais e pessoais, datados entre o final do século XVIII e o século XXI. Antes da reformulação, o centro de documentação do CMU era composto por áreas segundo o gênero documental: Arquivos Históricos (documentação textual), Arquivo Fotográfico e Laboratório de História Oral. Com a nova estrutura, as áreas foram divididas por atividade: Atendimento, Processamento Técnico, Conservação e Digitalização. Para otimizar tal unificação, realizou-se um diagnóstico, a fim de mapear a realidade do acervo do ponto de vista da composição dos conjuntos documentais e de seu processamento técnico. Tendo por base a metodologia de instituições congêneres, elaborou-se uma planilha que contemplasse as informações necessárias à realização do diagnóstico e também à elaboração de um Guia do acervo. A partir deste trabalho será possível traçar metas e planos de atividades, elencando prioridades, permitindo um planejamento de recursos humanos, físicos, materiais e tecnológicos a serem empregados.

 

Arquivos Institucionais de uma Universidade Pública: o caso da conservação e tratamento de documentos manuscritos do Conselho de Curadores da UFSCAr

Rita de Cássia Lana
(Depto. de Geografia, Turismo e Humanidades/UFSCar)

Apresenta-se o desenvolvimento de ações no sentido de adotar práticas de conservação e tratamento de fontes manuscritas em conformidade com padrões preconizados pela arquivologia e paleografia quanto à guarda, tratamento e acesso das informações contidas nos documentos emanados pelo Conselho de Curadores da Universidade Federal de São Carlos/UFSCar. A relevância deste acervo compreende-se pela própria natureza das políticas públicas para o ensino superior brasileiro e a memória das instituições e da administração do Estado, área ainda carente de estudos municiados por fontes documentais que reflitam as contradições e os processos dialéticos imanentes à permanência da informação arquivística e às possibilidades de acesso por repositórios digitais que hodiernamente se apresentam.

 

A formação de um espaço de recordação: o Fundo Sérgio Buarque de Holanda na Unicamp

Rafael Pereira da Silva
(Universidade de Brasília)

Hoje grande parte das pesquisas sobre Sérgio Buarque se valem de seu papelório. Todavia, são estudos constituídos dentro de uma concepção na qual esses papéis acumulados seriam uma espécie de “repositório de provas”, possibilitando aos investigadores tecerem narrativas e análises sobre ele e sobre sua obra. Vistos nessa chave, os arquivos pessoais como objetos tendem a ocupar um lugar periférico nas análises interessadas na construção social dos arquivos, já que existe uma tendência em associá-los à “memória individual”, a interpretá-los unicamente como acúmulos que documentam as atividades do titular ou revelam dimensões de sua personalidade. Esse tipo de abordagem obscurece o caráter de múltiplas interferências, que de outro ponto de vista, nos indicam a ideia de que esses arquivos são constituídos a “várias mãos”. Com base nessas discussões, o objetivo principal dessa comunicação é descrever como se deu a montagem do “Fundo Sérgio Buarque de Holanda” e a partir desse processo levantar indícios dessa montagem a várias mãos no intuito de demonstrar como, do ponto de vista institucional, a memória histórica do titular foi sustentada.

 

Reunindo os documentos de Edgard Leuenroth: a importância do contexto de produção

Tainá Guimarães Paschoal
(UNICAMP)
Lívia Cristina Corrêa
(UNICAMP)
Maria Dutra de Lima
(UNICAMP)

O AEL teve origem em 1974 com a compra do acervo de Edgard Leuenroth, um dos mais notáveis anarquistas da Primeira República brasileira. Com a retomada da organização dos documentos para a comemoração dos 40 anos do Arquivo, foi feito um novo contato com a família que resultou na doação de outros documentos de Edgard e Germinal, seu filho e guardião do material. A partir da análise da documentação sentiu-se a necessidade de retomar os debates teóricos a respeito da função do documento e de seu contexto de produção, uma vez que alguns documentos produzidos por Edgard estavam colados em álbuns feitos posteriormente por Germinal. A ideia foi repensar o documento por meio da recuperação do momento de sua produção: entender quem o produziu e por quais motivos o fez. Os documentos do Edgard que estão nos álbuns do Germinal possuem uma função memorialística e, portanto, já perderam a função pela qual foram produzidos. Para seu filho, os documentos trazem as memórias de seu pai e são importantes enquanto objetos que possibilitam a recordação, independente de seus conteúdos. A solução proposta é reunir esses documentos do Edgard vindos nesse segundo momento aos outros que já estavam no AEL desde a sua fundação, com o objetivo de manter a função e o significado primeiro desse material.

 

Entre fundos e coleções: Os arquivos pessoais do Centro de Memória e Arquivo da FCM

Rafaela Basso
(Unicamp)

O Centro de Memória e Arquivo da Faculdade de Ciências Médicas (CMA) é um espaço dedicado a preservação da memória institucional. Seu acervo congrega fundos institucionais e pessoais. Os primeiros oferecem possibilidades de estudo da trajetória da instituição, seja no âmbito do ensino e pesquisa, seja no âmbito administrativo. Já os segundos, consistem em conjuntos documentais pertencentes aos profissionais ligados à produção científica dessa Instituição. Tais fundos permitem estudar a contribuição de tais indivíduos no campo das Ciências da Saúde, sua trajetória além das relações estabelecidas com outros cientistas e instituições. A organização de tais conjuntos documentais representa um grande desafio. Isto porque é muito comum a dificuldade em separar os arquivos pessoais das coleções presentes nos arquivos de laboratórios e departamentos, onde os profissionais exerceram suas funções na FCM. Podemos encontrar em alguns fundos pessoais documentos institucionais provenientes dos locais de trabalho dos docentes, sendo o inverso também frequente. A presente comunicação pretende, portanto, apresentar o trabalho que está sendo realizado na organização dos diferentes arquivos pessoais que estão sob a guarda do CMA, tendo em vista discutir algumas metodologias possíveis.

 

Memória Organizacional e Memória Institucional: conceitos e aplicações no âmbito da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”

Paulo Sérgio Teles
(UNESP)
Juan Bernardo Montoya Mogollón
(UNESP)

As organizações são fontes de conhecimento, a partir da produção e circulação de informações administrativas, técnicas, operacionais e históricas, com forte influência das relações humanas. Neste contexto, a Memória Organizacional e a Memória Institucional surgem como ferramentas de retenção e acesso deste conhecimento, tendo os acervos documentais das organizações como fonte. Este trabalho busca realizar um estudo sobre memória das organizações, conceitos de Memória Organizacional e Memória Institucional, suas diferenças e especificidades num ambiente organizacional definido. A metodologia de pesquisa utiliza-se de uma abordagem qualitativa, descritivo-exploratória e como procedimentos a pesquisa bibliográfica e a pesquisa documental. O universo de pesquisa contempla aplicações no âmbito da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP, compreendendo a atuação do Centro de Documentação e Memória da UNESP (CEDEM) e a operacionalização de sistemas de informação administrativa no Campus de Marília. Como resultado, conclui-se que a abordagem da Memória Institucional possui áreas potenciais para seu desenvolvimento e a Memória Organizacional desenvolve-se a partir de necessidades operacionais e administrativas, não apresentando uma área específica para sua gestão.

 

Preservação da Memória em Ciência e Tecnologia Espacial: Os arquivos do Dr. Fernando de Mendonça

Marciana Leite Ribeiro
(Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais)

O INPE tem realizado grandes feitos científicos, sendo referência em pesquisas na área espacial. Seus pesquisadores tem, durante suas vidas funcionais, uma longa trajetória de dedicação à ciência, além de exercerem cargos de gestão, entendido como a união da experiência que a comunidade possui. No entanto, o que ocorre com o acervo documental de cada um desses profissionais quando se aposentam, ou após sua morte? É precisamente aí que se encontram informações sobre a obra e as atividades do Dr. Fernando de Mendonça, renomado cientista brasileiro e primeiro diretor do INPE. A preservação desse conjunto documental, que constitui uma fonte de informação de interesse público, é parte de uma ação inserida no Programa de Gestão de Documentos do INPE, aprovado em 2015 pela SubSIGA/MCTI. Este trabalho tem por objetivo apresentar como está sendo conduzida a atividade de organização do acervo arquivístico do Dr. Mendonça, cuja metodologia é baseada nas adotadas pela USP e FIOCRUZ. A execução bem sucedida dessa atividade permitirá ao INPE projetar ações para ajudar os pesquisadores a preservarem seus documentos de valor histórico. Preservar os documentos e registros da ciência é uma prova de que o trabalho de todo pesquisador se constitui em estabelecer um elo entre o passado e o futuro.

 

Local: sala CEL11 – piso 1
26/07– terça-feira – (14:00 às 18:00)
Sessão 2
Coord.: Dra. Elizabeth Azevedo

 

Sobre arquivistas e historiadores: um diálogo pertinente

Rodrigo Martins dos Santos Irponi (USP)

A apresentação tem como objetivo propor um debate epistemológico acerca dos paralelos possíveis entre a Arquivologia e a Heurística da pesquisa histórica. Tomando a Arquivologia como ciência dos contextos e das relações, pretende-se apresentar como seus fundamentos teóricos podem ser aplicados de maneira prática, por meio de um estudo de caso, para então estabelecer uma relação conceitual entre as possibilidades de pesquisa histórica a partir de uma abordagem contextual dos documentos/fontes. Pretende-se, portanto, evidenciar que a ciência arquivística pode oferecer subsídios bastante pertinentes à análise historiográfica, garantindo à última oportunidades analíticas ímpares do ponto de vista metodológico. A partir desta premissa, é possível vislumbrar um panorama mais complexo, para além do conteúdo textual e explícito dos documentos. Compreender a lógica de produção e acumulação dos documentos é fundamental para a construção do saber histórico, na medida em que a organização arquivística revela também um discurso implícito ao órgão produtor dos documentos. Para tanto, apresentar-se-á um estudo de caso a partir de um fundo de arquivo, no qual será possível desnudar possibilidades de análise documental a partir da abordagem contextual.

 

Testemunhos históricos do intelectual Euclides da Cunha

Varlei da Silva
(Universidade Estadual de Campinas)

Os Sertões (1902), além de ser considerada obra literária monumental por historiadores e literatos, por outro lado, tem se configurado como importante testemunho histórico do escritor Euclides da Cunha. Na medida em que tomamos conhecimento da Guerra de Massacre em Canudos (1896-1897) através de Os Sertões (1902) que se tornou obra fundamental referente à memória identitária do Brasil, nota-se, o trabalho com o conjunto de fontes documentais utilizadas em nossas investigações no que converge sobre o estudo acerca da influência de outros testemunhos históricos, do mesmo autor, na elaboração da obra supracitada. Pois isso tem nos norteado a vasculhar a história conforme nos sugere Walter Benjamin, “reler a história a contrapelo”. Dessa maneira, além de situarmos esta temática nos estudos sobre passados traumáticos e passados em conflito conseguimos assinalar de certa maneira a importância dos acervos, bibliotecas e outros espaços que guardam informações sobre o autor e seus escritos. Com isso, novas produções emergem em consonância com a memória, a qual desenvolve seu perfil em aspecto de recordação e esquecimento, ou seja, conforme Aleida Asmann, diante da temática passados traumáticos, devemos: “lembrar para não repetir”.

 

O Arquivo Público Municipal como lugar de história e memória

Thais Jeronimo Svicero
(Fundação Pró-Memória de Indaiatuba)

Este trabalho pretende discutir a importância dos arquivos públicos municipais como entidades custodiadoras do patrimônio documental, cultural e histórico de uma cidade, mas também como lugares de memória. Assim, por meio da análise do seu caráter documental, do seu papel administrativo e histórico e da representação destes espaços perante a comunidade, estes além de guardiões da memória podem ser vistos também como lugares de memória para a sociedade, por meio do desenvolvimento de algumas práticas arquivísticas e politicas culturais corroborando com outras formas da escrita da história.

 

Arquivo, construção, transmissão do conhecimento e preservação da memória: uma relação indissociável na casa do Pinhal

Maria Fernanda Alves Rangel
(Casa do Pinhal)

A Casa do Pinhal, alocada na Fazenda Pinhal, movida pela necessidade de contribuir para a preservação da memória da história da cidade de São Carlos e da família Arruda Botelho, passou a desenvolver ativamente o tratamento de seus bens materiais. O arquivo do Centro de Estudos da Casa do Pinhal passa a ser o lócus de referência para a pesquisa histórica que dá vida aos documentos por meio da análise do discurso daquilo que está explícito e o que está oculto. Entendido como lugar de memória, o arquivo possibilita a interação entre o pesquisador e o objeto. O trabalho pretende apresentar a integração de uma rede de (re)construção de memória(s) seja pela documentação, seja pelo seu patrimônio arquitetônico e pelos seus objetos tridimensionais que passam a ganhar uma nova significação, proporcionando um diálogo entre o arquivo, a pesquisa e a educação patrimonial. De cunho qualitativo, descritivo recolhe, analisa e interpreta as contribuições teóricas existentes e observatório por meio de um estudo de caso sobre o objeto em questão, a Casa do Pinhal. Como resultado, entendemos que a partir do momento em que a informação passa a ser comunicada, ela também passa a ser preservada, o conhecimento disseminado é uma forma de preservação da memória.

 

Cadê o arquivo que estava aqui? A ausência do arquivo físico no Arquivo e Museu da Resistência Timorenses e relações com a produção de memória na exposição permanente

Gabriela Lopes Batista
(Universidade do Estado de Santa Catarina)

O presente trabalho apresenta reflexões acerca da ausência do arquivo físico do Arquivo e Museu da Resistência Timorense, instituição localizada em Timor-Leste, na capital Dili. O arquivo composto por documentos escritos, registros orais, fotografias, entre outros, fora transportado logo da inauguração do projeto, no ano de 2005, para a Fundação Mário Soares, instituição parceira do projeto do museu localizada em Lisboa. A partir dos catálogos do museu e da análise da exposição permanente estabelecem-se relações e problematizações na produção de memória na instituição, considerando que arquivo fora transportado com o pretexto de receber todo o tratamento necessário de higienização e catalogação, porém até o presente momento não retornou para Dili. Somado a isso, o arquivo fora digitalizado e encontra-se “disponível” em formato digital, anunciando estar completo no sentido de que todos os documentos estariam disponíveis, o que é questionável uma vez que o acesso aos originais na capital portuguesa está impedido para o público em geral.

 

Preservação arquivística e constituição da memória da luta camponesa na Amazônia Oriental: a experiência da implantação do Centro de Documentação e Memória da Unifesspa, em Xinguara-PA

Laécio Rocha de Sena
(Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará)

Eduardo de Melo Salgueiro
(Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará)

O presente trabalho tem como objetivo refletir sobre a atuação do Acervo “Frei Henri des Rosiers” e sua importância no papel de guarda de um considerável corpo documental que tem contribuído enormemente para a constituição da memória da luta camponesa na região sul e sudeste do Pará. Além disso, pretendemos apresentar o projeto de cooperação fixado entre a Comissão Pastoral da Terra/CPT e a Universidade do Sul e Sudeste do Pará que, por meio da implantação do Centro de Documentação e Memória do curso de História do Instituto de Estudos do Trópico Úmido, tem como meta principal garantir a preservação, o acesso e a divulgação do patrimônio arquivístico em tela.

 

Análise da implantação da Lei de Acesso à Informação no município de Macaé

Juliana Loureiro Alvim Carvalho
(Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro)

Nos últimos anos o Governo Federal, baseado em iniciativas internacionais, adotou diversas ações voltadas para a transparência informacional das instituições públicas. Entre elas, destaca-se a Lei 12.527 de 18 de novembro de 2011, a Lei de Acesso à Informação, que surge com o intuito de oferecer publicidade às informações, princípio que surge como regra, sendo o sigilo a exceção. O presente artigo tem por objetivo abordar a implementação da referida lei no município de Macaé, interior fluminense, conhecido como a Capital do Petróleo . A partir do final da década de 70, a população de Macaé cresceu e ocorreu, consequentemente, o aumento dos documentos produzidos pelos órgãos públicos. A ausência de gestão documental, no entanto, é hoje nitidamente perceptível. Desta forma, a finalidade do texto é analisar determinadas ações do município, a saber: a) a aplicação da Lei de Acesso; b) a maneira como os munícipes reagiram a essa implementação; c) os agentes responsáveis pela execução da lei e d) as implicações em adotar procedimentos que visam transparência sem que isso se reflita em políticas públicas arquivísticas no âmbito do executivo municipal.

 

Local: sala CEL7 – piso 1
27/07– quarta-feira – (14:00 às 18:00)
Sessão 1

Coord.: Profa. Dra.Sonia Troitiño

 

Os desafios do Preservar: O acervo documental da Fazenda Nacional de Santa Cruz-RJ e a organização do arquivo da Superintendência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA-RJ)

Henrique Dias Sobral Silva
(UFRRJ)

A presente comunicação pretende discutir o projeto de organização dos documentos fundiários da Fazenda de Santa Cruz. A fazenda existe atualmente, possui 80.600 hectares geridos pelo INCRA-RJ, abrange as áreas de nove municípios fluminenses, e envolve uma população de 800 mil pessoas. Da colônia até nossos dias, suas terras foram concedidas de várias formas e geridas por diversas instituições, abarcando uma larga história de políticas fundiárias. A garantia e transmissão de direitos de propriedade continuam motivando conflitos entre distintos atores sociais e o governo federal, proprietário legal da maior parte desta área. Assim, este acervo guardado pelo INCRA-RJ contém processos fundiários, títulos de posse entre outros, sendo de interesse social e acadêmico. Em 2014, após grandes debates interinstitucionais, o fundo passou a receber tratamento. Isto posto, partimos da premissa de que os arquivos tratam-se de organizadores de memórias que se articulam com a sociedade, preservando e criando diálogos com a subjetividade atual e pretérita, colaborando com apropriações de reminiscências do passado. No caso em tela, pretendemos problematizar o papel e os desafios de um acervo relacionado à posse da terra no Rio de Janeiro e na política de acesso a essa documentação.

 

Movimentos sociais e a organização das informações. A organização do Acervo do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra

Jean Marcel Caum Camoleze
(UNESP/ Marília)

Este artigo tem por finalidade realizar um debate sobre a importância, as problemáticas e possibilidades de organização e identificação documental dos movimentos sociais, a partir do Fundo do Movimento dos trabalhadores Rurais Sem Terras – MST – depositado no acervo do Centro de Documentação e Memória (CEDEM). A trajetória com mais de 30 anos do MST permitiu uma grande produção documental fundamental para a compreensão da história atual do país. Porém as organizações dos acervos documentais de movimentos sociais são pouco estudadas e é necessário debater e discutir os campos teóricos/metodológicos. Os documentos produzidos pelo MST são registros de suas atividades e do funcionamento ideológico e social do movimento. Porém, a produção documental do MST também tem um importante significado na constituição social e compõe elementos representativos da história do país. Estes documentos mostram uma abrangência do movimento, que muitas vezes expressam outra visão, diversa das institucionais ou midiáticas, proporcionando mais elementos para a compreensão das próprias experiências do movimento e das conjunturas nas quais está inserido. Assim estudar o Fundo do MST é contribuir para a pesquisa de elementos para a identificação documental de movimentos sociais.

 

O resgate do arquivo da Venerável Ordem Terceira de São Francisco de Assis de Mariana

Natalia Casagrande Salvador
(Unicamp)

A Ordem Terceira de São Francisco de Assis de Mariana produziu diversos documentos preciosos para o estudo da sua história. Esse acervo, armazenado num despretencioso armário da sacristia de sua Capela guardava informações acerca do funcionamento da Ordem no âmbito econômico, social, cultural, artístico e devocional, registrados nos diversos documentos que produziu desde sua criação em 1758 até meados do século XX. Esse material, deixado nas mãos do tempo sofria a infestação de insetos xilófagos e foi se degradando com o tempo. Até que, em 2012, foi realizada a sua transferência completa para o Arquivo da Casa Setecentista de Mariana, aonde o material passou por um processo de desinfestação e higienização. Todo esse procedimento durou alguns meses, depois do que, a documentação pode ser disponibilizada ao público para consulta e pesquisa no local (Casa Setecentista). Iremos narrar as etapas desse processo e o desenrolar do resgate desse importante acervo para a história da Ordem Terceira de São Francisco de Assis de Mariana, Minas Gerais.

 

Arquivos e Direitos Humanos: os acervos religiosos sobre o período ditatorial civil-militar

João Marcus Figueiredo Assis
(UNIRIO)

Bruno Ferreira Leite
(UNIRIO)

Ao vincularmos a temática dos Arquivos e dos processos de memória sobre o regime ditatorial no Brasil podemos relacioná-los, entre outras questões, aos Direitos Humanos, especialmente pelo que pode ser observado pela produção documental civil ou estatal sobre violações de direitos fundamentais. Entre outras produções materiais da memória, os Arquivos podem ser entendidos a partir de suas constituições discursivas, sedimentando-se como representação do poder burocrático do Estado ou como seu capital informacional. Eles representam ainda processos comunicativos baseados na inserção social das memórias. Os arquivos nos permitem observar dispositivos e configurações significantes disseminadas socialmente. Nosso interesse centra-se em acervos produzidos ou organizados em torno de agentes ou ações religiosas e seus vínculos com o regime ditatorial situados no Estado do Rio de Janeiro. Destacamos acervos como o Arquivo da Cúria Diocesana de Nova Iguaçu-RJ, o acervo da então Ação Católica Operária e o Núcleo de Pesquisa Documentação e Referencia sobre Movimentos sociais e Politicas Publicas no Campo (UFRRJ). Buscamos estudar as possibilidades de produção de memórias e de sentidos sociais, assim como apontar redes de relações simbólicas.

 

Reflexões sobre os processos judiciais: arranjo e descrição como forma de preservação da memória do TRT da 1ª Região

Isabelle da Rocha Brandão Castellini
(Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO)

Os documentos de arquivo, ao demostrar sua característica probatória, são fontes de informação de direitos e deveres. Por trás do rito processual do Poder Judiciário, os processos judiciais trabalhistas demonstram como os documentos de arquivo podem ser representações da memória individual e coletiva, pois refletem histórias de lutas sociais e de classes. O processo de organização de arquivos permanentes sempre foi objeto de pesquisa e debate no meio acadêmico, entretanto a organização de arquivos judiciais é tema recente. Neste estudo são apresentados o arranjo e a descrição do arquivo permanente do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, e como essas atividades podem contribuir para a preservação da memória da Justiça do Trabalho.

 

Arquivo da Justiça do Trabalho: preservação e acesso aos acervos judiciais trabalhistas

Letícia Gorri Molina
(FUNCIONÁRIO PÚBLICO)

Este trabalho analisa o acesso, a disponibilização e a preservação do acervo judicial e administrativo no arquivo da Justiça do Trabalho de Londrina. Apresenta uma revisão de literatura sobre arquivo público, preservação documental, acesso à informação e memória da Justiça do Trabalho. Trata-se de uma pesquisa de cunho qualitativo, aplicada e com finalidade exploratória e explicativa, utilizando-se do Estudo de Caso como metodologia de pesquisa. Considera que o direito de procurar, receber e disseminar informação impõe uma obrigação positiva aos Estados de assegurar o acesso à informação, particularmente em relação às informações retidas pelos governos em todas as formas de armazenamento e sistemas de recuperação. Demonstra que a preservação dos documentos judiciais garante o acesso e a disponibilização dos acervos da Justiça do Trabalho para a pesquisa histórica e de memória, devido ao fato desses arquivos representarem uma parte importante do patrimônio histórico cultural das conquistas dos trabalhadores brasileiros no âmbito do direito trabalhista. Os documentos da Justiça do Trabalho são patrimônio público, tanto no sentido administrativo quanto do ponto de vista cultural.

 

O arquivo, a varíola e a memória da saúde pública no Brasil

Jonatan Jackson Sacramento
(Unicamp)

O paper pretende discutir as potencialidades do trabalho etnográfico em arquivos, tomando tais espaços como foco privilegiado da compreensão de processos sociais envolvidos na ação estatal. Para tanto, lança-se mão da análise de documentos, oficiais ou não, do Centro de Memória do Museu de Saúde Pública Emílio Ribas, em especial, do acervo sobre a Campanha da Erradicação da Varíola. Doença erradicada na década de 1970, o processo de erradicação foi a primeira política de saúde pública de caráter nacional, tendo mobilizado inúmeros indivíduos e instituições. Nesse contexto, apresento alguns questionamentos acerca da relação entre antropologia e história, enfocando a questão de como o trabalho em/com arquivos foi tratado por alguns/mas autores/as da antropologia, inclusive as críticas que, quando aplicadas a um contexto como o brasileiro, devem ser problematizada à luz das tramas sociais e institucionais nas quais nossos arquivos estão envolvidos.

 

Local: sala CEL11 – piso 1
27/07– quarta-feira – (14:00 às 18:00)
Sessão 2

Coord.: Dra. Elizabeth Azevedo

 

Estudo de caso do Acervo de Escritores Mineiros: o museu literário da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais

Antônio Afonso Pereira Júnior
(UFMG)

O Acervo de Escritores Mineiros – AEM cumpre com a tarefa de preservar e difundir o patrimônio cultural da literatura mineira. A narrativa das coleções das bibliotecas, dos arquivos e dos espaços museográficos tenta estabelecer uma representação da memória dos escritores nos seus arquivos, bibliotecas e espaços museográficos. O AEM abriga coleções de livros, documentos e objetos de escritores que se destacaram na história literária e cultural de Minas Gerais. O Acervo contem aproximadamente 35.000 volumes de material bibliográfico, além de acervo documental, acervo fotográfico e obras de arte. O AEM é gerido pela Faculdade de Letras, contudo ele está localizado no 3º andar da Biblioteca Central (BC), no campus Pampulha. O AEM conta atualmente com 23 escritores, que preservam a história e a memória do escritor. O trabalho de pesquisa do Acervo de Escritores Mineiros tem resultado em diversas publicações como livros e artigos dos pesquisadores, assim como trabalhos apresentados pelos servidores e bolsistas nas Semanas de Iniciação Científica. O acervo é composto por uma grande diversidade de suportes informacionais: fotografias, livros, revistas, quadros, estátuas, recortes de jornais, cartas, objetos pessoais, filmes, placas entre outros.

 

Coleção privada Brício de Abreu: tratamento técnico e preservação do patrimônio

Tatiane Paiva Cova
(Fundação Biblioteca Nacional)

O acervo Brício de Abreu consiste em um fundo arquivístico privado, cuja massa documental é composta aproximadamente de 7.000 itens. De acordo com a tipologia documental, trata-se de um acervo heterogêneo, tendo em vista a variedade de documentos tais como: livros, jornais, revistas, cartões-postais, fotografias, manuscritos, impressos e desenhos. A natureza desse material e sua organicidade representam o acúmulo de funções desempenhadas por seu proprietário ao longo da vida. Jornalista, escritor e crítico teatral, membro de notável rede de intelectuais e articulistas de seu tempo, atuou como empresário, agenciando artistas do teatro de revista, permitindo assim avaliar o papel do colecionador como importante figura de conservação da cultura nacional, e sobretudo carioca. O trabalho proposto tem como objetivo apresentar a trajetória do tratamento técnico, desenvolvido ao longo de cinco anos, cuja metodologia cumpriu as etapas de inventário, higienização, classificação, pesquisa e catalogação, além da definição dos objetivos gerais e específicos, visando, sobretudo, respeitar a organização empreendida pelo autor, estabelecendo critérios de pesquisa que favoreçam as informações já descritas em seu conteúdo de forma a potencializar sua vasta documentação.

 

Claudio Santoro: estratégias, percursos e escolhas na narrativa dos diários de viagem de Carlota Santoro

Cesar Maia Buscacio
(Universidade Federal de Ouro Preto)

Esta pesquisa visa proceder a uma investigação acerca da trajetória do compositor brasileiro Claudio Santoro entre as décadas de 1940 e 1950, formuladas no acervo documental, sob a guarda da filha do compositor Sônia Santoro na cidade do Rio de Janeiro. Dentre os documentos pesquisados, destacam-se os diários de viagem de sua primeira esposa, Carlota Santoro na década de 1950, a correspondência entre mantida entre Claudio Santoro e o casal de pianistas Heitor e Jeanette Alimonda, além de uma série de entrevistas realizadas com o próprio compositor e outros músicos de destaque no cenário musical brasileiro. Sob um viés teórico, esta pesquisa articula análises historiográficas e estudos musicológicos que tematizam as opções estéticas priorizadas por Claudio Santoro no recorte temporal proposto por esta pesquisa.

 

O estudo das matrizes documentais para a composição do Centro de Memória Joaquim Calmon

Adrianne Machado Calmon
(CLARETIANO CENTRO UNIVERSITÁRIO)

O presente trabalho visa contribuir com a divulgação do estudo da identificação das matrizes que irão compor o acervo orgânico do Centro de Memória Joaquim Calmon, para o entendimento dos elementos que simbolizam a memória institucional. Primeiramente, será realizada uma análise preliminar dos documentos produzidos e/ou acumulados, no decorrer da trajetória da vida de Joaquim Calmon, em especial, nos anos de atuação político-partidária, quando exerceu o cargo de prefeito do município de Linhares – ES. A seguir, será realizado um levantamento, sobre as informações de caráter técnico, jurídico e científico que possam apoiar as atividades da Instituição. Por último, será rastreado os elementos externos que se encontram dispersos e que dizem respeito direta ou indiretamente ao titular. Acreditamos que o processamento da memória possa acorrer através do armazenamento das lembranças e das evocações, pelas das experiências do passado que equivale a recordar. Nessa perspectiva, os centros de memória são percebidos como lugares de memória – local de intrínseca relação entre arquivo, informação e memória.

 

Arquivos pessoais, disponibilização e acesso na web: o caso do CPDOC

Martina Spohr
(Universidade Federal do Rio de Janeiro)

Carolina Gonçalves Alves
(CPDOC / FGV)

Daniele Chaves Amado de Oliveira
(Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro)

Renan Marinho de Castro
(IBICTUFRJ)

O avanço da tecnologia da informação nos últimos anos pautou amplamente os debates acerca da disponibilização e abertura de dados na web, possibilitando a ampliação do acesso aos dados aos acervos. A proposta desse paper é a de relatar a experiência do CPDOC a partir dos debates internos que resultaram na abertura de nossos dados, tornando-os buscáveis na web, via Google por exemplo. Foram desenvolvidas urls amigáveis para facilitar o compartilhamento e acesso dos nossos dados disponíveis na web, ampliando as possibilidades de intercâmbio de dados entre repositórios digitais e infraestruturas nacionais e internacionais.

 

Reunindo os documentos de Francisco Glicério: limites e possibilidades de um instrumento de pesquisa

Ricardo Godoi Oliveira
(Universidade de São Paulo)

Esta comunicação pretende examinar como os instrumentos de pesquisa vem sendo definidos pela literatura arquivística, assim como discutir uma proposta para a elaboração de um instrumento no âmbito dos arquivos pessoais. No Brasil, a preocupação com a fixação da terminologia empregada na denominação dos instrumentos de pesquisa e suas definições surgiu através da Associação dos Arquivistas Brasileiros (1973). Nas últimas décadas, as transformações ocorridas nos procedimentos de tratamento documental, que refletem principalmente o emprego de ferramentas tecnológicas mais avançadas, introduziram novos desafios e possibilidades nas formas de disponibilização e acesso das informações contidas nos documentos. A partir deste contexto será discutida uma proposta para a elaboração de um instrumento de pesquisa que visa reunir os documentos do político e advogado campineiro Francisco Glicério de Cerqueira Leite (1846-1916) existentes no acervo do Centro de Memória-Unicamp, através de abordagem analítica e funcional, que respeita os princípios arquivísticos e as particularidades de cada conjunto.

 

O arquivo digital do projeto Old Bailey Online

Victoria Carvalho Junqueira
(Universidade de Brasília)

O projeto Old Bailey online contém periódicos relacionados à Corte Central Criminal de Londres para o período entre 1674 e 1913. Estão disponíveis tanto as imagens originais das publicações digitalizadas, quanto as transcrições delas. Lançada em 2003, essa base de dados virtual assumiu o trabalho de digitalizar o que antes eram 38 microfilmes de fontes, contendo quase duzentos mil julgamentos, e disponibilizou ferramentas de busca online para elas (HITCHCOCK; SHOEMAKER, 2006). Registradas nesses periódicos, as ofensas julgadas na corte Old Bailey eram ofensas criminais consideradas mais graves: assassinatos, roubos, roubos violentos, danos à propriedade, ofensas sexuais, ofensas reais e fraude. O projeto possibilitou o acesso às fontes para vários pesquisadores ao redor do mundo e fomentou inúmeras pesquisas. A apresentação pretende tratar dos benefícios da digitalização desse tipo de arquivo, considerando o teor documental dessas fontes: o de possibilitar o estudo dos estratos inferiores da população da Idade Moderna, que deixavam menos registros.

 

Transitoriedades e permanências: considerações acerca dos arquivos pessoais nascidos digitais

Jorge Phelipe Lira de Abreu
(Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro)

O hibridismo semiótico que permeia os arquivos pessoais nas mais diversas gêneses de produção do titular passa, na atualidade, a conjugar-se com o hibridismo tecnológico proporcionado pela rápida disseminação da tecnologia digital no espaço doméstico. A formação de arquivos em ambiente digital apresenta uma série de vantagens na produção, transmissão e acesso, mas, por outro lado, implica em documentos altamente sensíveis e manipuláveis, além de sujeitos à rápida obsolescência tecnológica e à fragilidade do suporte. Nesse contexto, princípios e conceitos arquivísticos como proveniência, ordem original, organicidade, confiabilidade e autenticidade ganham contornos que provocam algumas reflexões nesta análise a partir da experiência de tratamento do arquivo pessoal nascido digital do escritor, músico e artista plástico Rodrigo de Souza Leão, recebido pelo Arquivo-Museu de Literatura Brasileira da Fundação Casa de Rui Barbosa.

 

Local: sala CEL7 – piso 1
28/07 – quinta-feira – (14:00 às 18:00)
Sessão 1

Coord. Dra. Sonia Troitiño

 

Avaliação documental de documentos fotográficos de arquivo: do discurso à práxis

Bruno Henrique Machado
(Universidade Estadual Paulista – Campus Marília)

Telma Campanha de Carvalho Madio
(UNESP – Departamento de Ciência da Informação)

Os documentos arquivísticos produzidos, recebidos e acumulados pelos órgãos e instituições da administração pública no exercício das atividades administrativas e jurídicas são preservados nos Arquivos Públicos, atestando que foram fundamentais para as tomadas de decisão e que são conservados em razão de seu valor testemunhal e de prova, valores primordiais para as pesquisas. Assim, considerando os documentos fotográficos de arquivo como produto gerado por uma atividade administrativa dentro da instituição, compreende-se que são passíveis de aplicação de todos os princípios e metodologias arquivísticas tais como: princípio da proveniência, organicidade, classificação documental e avaliação documental. Em vista disso o artigo tem por objetivo apresentar reflexões teóricas sobre a avaliação documental arquivística em torno dos documentos fotográficos e apresentar os problemas pertinentes a ausência dessa aplicação metodológica nesses documentos arquivísticos no qual promovem por consequência a “patrimonialização documental” sem a validação da Arquivologia.

 

Representações do Poder: as fotografias da Assessoria de Imprensa da Prefeitura do Município de São Paulo

Ivany Sevarolli
(Arquivo Histórico de São Paulo)

Em dezembro de 2012, o Arquivo Histórico de São Paulo recebeu o acervo analógico produzido pela Assessoria de Imprensa do Gabinete do Prefeito da cidade, composto por cerca de 400.000 fotografias. Transferido do Museu da Cidade de São Paulo, esse conjunto impôs novas perspectivas para arranjo e descrição do Acervo Fotográfico já existente, num diálogo constante entre discurso visual, objeto/suporte e fonte de pesquisa. Este trabalho traz as reflexões e escolhas que construíram o tratamento dado a essas fotografias de modo a integrarem o Acervo Permanente do AHSP e comporem a memória da cidade.

 

Fundo Institucional: guardião da trajetória e da memória do Museu da República

Gleise Andrade Cruz
(Instituto Brasileiro de Museus)

Até o ano de 2010, quando completou 50 anos de história, o Museu da República não dispunha de espaço de guarda nem de quaisquer instrumentos destinados à preservação de sua própria trajetória. Propomos discorrer sobre a implantação do Programa de Memória Institucional neste museu, criado no fim daquele ano, dentro do Arquivo Histórico da instituição. O eixo central do programa foi a criação do Arquivo Institucional, que buscou localizar, recolher, tratar e classificar os documentos de caráter permanente produzidos e acumulados pelo MR ao longo de sua história.

 

Arquivo ou coleção? os documentos do arquivo histórico do Museu Aeroespacial

Fabiana Costa Dias
(Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro)

Esta comunicação apresenta o percurso inicial do projeto de pesquisa de mesmo título, Arquivo ou Coleção? Os documentos do arquivo histórico do Museu Aeroespacial, selecionado pelo programa de pós-graduação em Gestão de Documentos e Arquivo, oferecido pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO. Este trabalho tem como finalidade estudar o Museu Aeroespacial enquanto entidade custodiadora de acervos arquivísticos. Para isso serão apresentados, brevemente, a instituição Museu Aeroespacial, suas subordinações e organização interna, mais especificamente o Arquivo Histórico, e as primeiras análises da constituição do acervo. O objetivo da pesquisa é compreender o que os documentos custodiados no arquivo histórico formam: coleções de museu, coleções de arquivo e fundos de arquivo. A princípio essas formas de organização não são excludentes e podem se apresentar juntas no arquivo histórico. Como se trata de uma pesquisa em andamento, os dados que apresentaremos ainda são parciais.

 

Arquivos Científicos: o que a ciência quer deixar para o futuro sobre si?

Maria Leandra Bizello
(UNESP – campus Marília)

Este trabalho objetiva refletir sobre os arquivos científicos em sua definição, um debate aí se instaura. Afinal, a que chamamos um arquivo científico: os arquivos de universidades, os arquivos de agências de fomento científico, os arquivos de institutos e fundações de pesquisa de diferentes áreas do conhecimento, os centros de documentação e memória, os acervos pessoais de cientistas, políticos, professores, escritores, intelectuais e artistas? Refletiremos sobre o estatuto consolidado do arquivo como “guardador de memória” para pensarmos o lugar do documento histórico e as necessidades documentais do presente das instituições científicas grandes produtoras de documentos. Consideramos o processo de avaliação de documentos o cerne dessa discussão nos arquivos científicos uma vez que esse processo é decisório para a permanência definitiva de documentos no arquivo ou a sua eliminação. A memória é, por sua vez, outro conceito a ser discutido na perspectiva do arquivo, não apenas para sairmos da limitação do que se tornou um consenso, ou um discurso, já citado acima, mas para refletirmos sobre a memória nos arquivos e, sobretudo nos científicos, no século XXI.

 

Histórias do Diário de Navegação de Teotônio José Juzarte – a codificação do sofrimento colonial

Renata Ferreira Munhoz
(FFLCH / USP)

Apresenta-se o valor às ciências humanas dos “documentos de arquivo”, com destaque ao gênero “Diário de viagem”. Adota-se como corpus o “Diário da Navegação” (1768), de Teotônio José Juzarte, do Regimento de Dragões Auxiliares da capitania de São Paulo. Seu diário teve diversas edições dado o mapeamento dos rios Tietê, Paraná e Iguatemi, desde Porto Feliz (SP) até Praça de Iguatemi (MS). Além da contribuição geográfica, a obra guarda a memória colonial do Brasil pela narração pormenorizada de ocorrências cotidianas, considerada “pitoresca” por representar ideologias coevas. Por exemplo, a fé católica fez levou os desbravadores a abandonarem cadáveres que enterrariam, por crerem que isso lhes trouxesse mal agouro. Os estudos da linguagem encontram vasto repertório, dados os termos indígenas explicados pelo autor a seu superior, o Morgado de Mateus, Governador e Capitão-General. Detalhes históricos, como a rígida imposição militar, são depreendidos. São ainda elucidados aspectos de cunho sociológico, que emergem das inúmeras dificuldades de sobrevivência no inóspito “sertão”, onde se aventuravam tantos nas expedições oficiais. Pretende-se realçar, portanto, a riqueza de cunho histórico, linguístico sociológico e artístico contida em documentos de arquivo.

 

Local: sala CEL11 – piso 1
28/07 – quinta-feira – (14:00 às 18:00)
Sessão 2

Coord.: Dra. Elizabeth Azevedo

 

Cela Surda: O Outro Pecado Capital (1970) de Almir de Amorim e seus cenários e cenas de torturas

Loraine Resende de Souza
(Universidade Federal de Goiás)

A proposta de apresentação de trabalho tem a peça teatral O outro Pecado Capital escrita em 1974 pelo dramaturgo Almir de Amorim como objeto de análise. Essa obra versa sobre as torturas psicológicas e físicas sofridas pela personagem Koló, considerada suspeita de atividades ilícitas com tráfico de drogas e de envolvimento com atividades políticas criminosas. O outro Pecado Capital será analisada à luz da História da Loucura de Michel Foulcalt com a questão do internamento e o domínio exercido pelas concepções médicas nos tratamentos. Quanto à historicidade de sua escrita mune-se da História Cultural que considera as relações entre arquivo sobre teatro, conflitos psicológicos, dramaturgia de resistência, dramaturgia da resistência, memória. O outro Pecado Capital atua como um documento histórico por tratar de um registro de um tempo sombrio e assistido por certas inteligências no sentido de anular as pessoas e suas capacidades para manter uma ordem política e social no momento da ditadura civil-militar no Brasil. Cabe ressaltar a importância de pensar sobre a preservação dessas peças teatrais que em sua maioria estão em arquivos familiares , bem como fotografias , jornais, etc. e que, portanto faz parte de uma memória histórica.

 

A Funarte e a memória das artes cênicas no Brasil

Caroline Cantanhede Lopes
(FUNARTE)

A presente comunicação pretende abordar um projeto denominado “Memória das Artes Cênicas”. Foi empreendido pelo extinto Serviço Nacional do Teatro (SNT) entre 1978 até o início de 1990, já sob a chancela da Fundação Nacional de Artes Cênicas (Fundacen). Tal projeto representou a principal via de aquisição de acervo por parte da Divisão de Documentação do órgão, pois implementou uma duradoura Campanha de Doação. O intuito dessa ação consistia em formar um acervo documental sobre o teatro brasileiro do passado e do presente. Somente em 1990, após as reformas administrativas do governo Collor, a Fundacen foi extinta e suas atividades interrompidas. Hoje, este patrimônio documental se encontra sob a custódia do Cedoc/Funarte (Centro de Documentação e Informação em Arte da Fundação Nacional de Artes). Dessa forma, salientamos, a partir do nosso estudo de caso, que os processos de constituição de acervos também possuem historicidade, pois os lugares da memória são construções culturais, sociais, políticas, afirmando-se e redefinindo-se ao longo da história.

 

Arquivo e Teatro – considerações gerais sobre a preservação do patrimônio documental das artes cênicas nacionais

Fabiana Siqueira Fontana
(UFSJ)

A presente comunicação visa discutir questões acerca da preservação da memória do teatro brasileiro, tendo como cerne a constituição e o tratamento técnico de arquivos de artistas, empresários, grupos e companhias considerados de valor histórico e cultural para o país. O foco deste trabalho recai, portanto, na investigação dos processos pelos quais os acervos especificados como “teatrais” vem se formando pelo Brasil, e nos desafios que a organização e difusão de tal material guardam dada as suas particularidades em termos de conjunto documental. Como base para o desenvolvimento do debate, utilizaremos os exemplos coletados na experiência de trabalho no Cedoc/Funarte, enquanto documentalista e pesquisadora, em diversas oportunidades entre os anos 2005-2012, no setor Arquivos Privados. O objetivo principal da comunicação é mostrar como que boas práticas de preservação do patrimônio documental do teatro podem significar o alargamento das perspectivas de análise no ramo da historiografia das artes cênicas nacionais, consequência da ampliação das possibilidades do que se elege como fonte para a escrita da narrativa histórica do nosso teatro.

 

Criação e Consolidação do Centro de Memória das Artes (CMA/FFCLRP/USP)

Maria Beatriz Ribeiro Prandi
(USP)

Gisele Laura Haddad
(USP)

Rubens Russomanno Ricciardi
(FFCLRP-USP)

Este artigo trata da criação e consolidação do Centro de Memória das Artes (CMA) do Departamento de Música da FFCLRP/USP, que se originou a partir da documentação de arquivos pessoais e musicais recolhidos e disponibilizados à pesquisa. Objetivamos refletir e apresentar os procedimentos que o CMA cumpriu desde quando, como projeto, foi submetido aos Programas Especiais & Editais 2012 da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP e contemplado para a compra de equipamentos específicos para seu acervo, até as etapas a serem cumpridas para sua adequada manutenção. Além disso, abordamos sobre a digitalização e a elaboração de instrumentos de pesquisa e sistemas de gerenciamento em base de dados eletrônica, para oferecer condições de consulta imediata e pronta localização dos documentos e outros procedimentos de assessoria e apoio aos pesquisadores. O CMA é também um dos projetos do Núcleo de Pesquisa em Ciências da Performance em Música (NAP-CIPEM) da FFCLRP/USP, ao lado do Serviço de Edição de Partituras (SEDP). Sob coordenação e orientação do Prof. Dr. Rubens Russomano Ricciardi (Professor Titular), planeja alcançar status de órgão referenciador em estudos histórico-musicológicos da música brasileira, através de suas relevantes fontes primárias.

 

Memória da Arquitetura Brasileira: portal de desenhos arquitetônicos da Biblioteca da FAUUSP

Gisele Ferreira de Brito
(Faculdade de Arquitetura e Urbanismo – USP)

Dina Elisabete Uliana
(Faculdade de Arquitetura e Urbanismo – USP)

Tatiana Sakurai
(Faculdade de Arquitetura e Urbanismo – USP)]

O Portal Memória da Arquitetura da Brasileira (MAB) tem por objetivo tornar acessível aos estudantes e pesquisadores o acervo de desenhos originais de arquitetura pertencentes à Biblioteca da FAUUSP. Esses desenhos arquitetônicos encontram-se na Seção Técnica de Materiais Iconográficos da Biblioteca. Esse acervo, com cerca de 8.000 projetos e 400 mil desenhos é formado pelas coleções de mais de 40 escritórios de arquitetura cujas obras abrangem do século XIX até nossos dias. Ele foi constituído por sucessivas doações feitas pelos próprios arquitetos ou seus familiares, que reconhecem a importância de deixar sua produção intelectual como legado para o ensino e a pesquisa da arquitetura brasileira. A primeira coleção foi doada em 1965 e pertencia ao escritório de Carlos Millan. Com a criação do Setor de Projetos de Arquitetura em meados de 1970 a Biblioteca passa a receber e organizar a documentação para torná-la disponível para a pesquisa. Hoje o acervo é composto por projetos dos mais importantes arquitetos que atuaram no Brasil. Com a criação do Portal MAB busca-se aprimorar as formas de pesquisa, garantindo a preservação dessas coleções ao mesmo tempo em que se amplia o acesso a esse rico patrimônio cultural, por meio da Web.

 

Escolas de Arquitetura em Universidades Privadas / criação de Centros de Documentação visando a preservação de sua memória e a constituição de acervos específicos necessários às atividades do curso

Maria Helena de Moraes Barros Flynn
(UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SANTOS)

Ao longo de 40 anos de docência em escolas de arquitetura e urbanismo, mantidas por universidades privadas no estado de SP, lecionando disciplinas de história de arquitetura moderna, de imediato percebi o vazio que existia nesta área e a absoluta necessidade de pesquisas para estabelecer uma memória da experiência brasileira. Em 1975 os textos clássicos de Bruand e Segawa ainda não tinham sido publicados. Tinhamos de responder às mais variadas perguntas sobre: as nossas instituições profissionais, as nossas escolas e os mais destacados profissionais, questões estas que se ampliavam quando se considerava que o âmbito de projeto abrangia as escalas de superfície, objeto, edifício cidade, território e natureza. Tudo a ser pesquisado, escrito e publicado. Foram então criados centros de documentação nas melhores escolas. Nos anos 70 conheci o CEDIARTE da UNB e o CEAU da UFBA. E utilizo de todos os acervos específicos da Biblioteca Fauusp, instituição modelo até o presente momento. Nos anos 80, criei o CEDOC da Escola de Belas Artes de SP. Duas pesquisas redundaram em exposições que foram exibidas no I EREA na Puccamp, na X CLEFA na Fauusp e no CCSP. Objetivo ao participar deste encontro é recuperar estas experiências, criticar as atuais condições oferecidas e encaminhar sugestões.

 

Gestão do acervo do arquiteto Eduardo Kneese de Mello: Relato do tratamento organizacional da coleção iconográfica

Izadora Araujo Amaral
(Centro Universitário Belas Artes de São Paulo)

Elisa Horta da Silva
(Centro Universitário Belas Artes de São Paulo)

O presente trabalho pauta-se no relato do processo de organização da seção iconográfica que compõe o acervo pessoal do arquiteto Eduardo Kneese de Mello (1906 – 1994). Após a elucidação acerca da trajetória institucional deste material, situa-se as fotografias em slides na tessitura do acervo, alicerçando-se na compreensão das intenções voluntárias e involuntárias que estimularam a produção das imagens. Demonstra-se, a seguir a estruturação de um inventário e a elaboração de estratégias que permitam correlacionar a coleção de slides com os demais documentos que compõe o acervo, explorando sua organicidade. Com o auxílio destas ferramentas objetiva-se constituir um panorama visual da coleção a partir de diferentes análises. Este trabalho, ainda em processo, permitirá também, auxiliar a consolidação do contexto biográfico do arquiteto e assim, fundamentar uma abordagem organizacional que contemple o acervo em sua integralidade.

 

Arquivos Bardi e as exposições de design no MASP

Débora Gigli Buonano

(Centro Universitário Belas Artes de São Paulo)

O design em São Paulo, nasceu do esforço e do olhar visionário de Pietro Maria Bardi, diretor do MASP, juntamente com a arquiteta Lina Bo Bardi. Percorrendo os arquivos da biblioteca e Centro de Documentação do MASP, formada pelo assim chamado Professor Bardi, dos jornais online e catálogos de exposições, encontramos uma centena de valiosos textos que certamente contribuem de alguma maneira para engrossar nosso conhecimento sobre o design e do olhar curatorial de P. M. Bardi. Assim, ressuscitamos alguns textos produzidos por Bardi referentes às exposições de design no MASP nos variados arquivos de revistas, jornais e catálogos, constituindo assim arquivos de informação. Na medida em que os arquivos dos textos de Bardi se aproximarem dos designers ou mesmo estudantes de design, será possível a formação de uma história do design mais ampla e com considerações acerca do início da formação desta história no Brasil delineando a identidade cultural do design brasileiro, a partir de um perscrutar dos arquivos.